A boiada do ex-ministro Ricardo Salles passou… bem longe. O brasileiro está comendo a menor quantidade de carne vermelha por pessoa em 25 anos, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o órgão, o cenário de crise dos últimos anos – atrelado à pandemia do coronavírus – vem derrubando o consumo total de proteína animal desde 2014.
Desde 1996, o Brasil vem numa série histórica cujo auge, quando atingiu 96,7 quilos por pessoa por ano, foi em 2013. Atualmente, estamos 5,3% abaixo do pico.
A inflação do produto está em 35,7% no acumulado em 12 meses, como aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme um levantamento da Conab, a demanda anual de carnes no mundo caiu bem menos. Nos EUA, por exemplo, está em 116,8 quilos por estômago.
O preço é um fator que puxa este consumo lá para baixo. Para o analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, qualquer valor de câmbio acima de R$ 5 torna a carne bovina muito competitiva.
Encomendada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), uma pesquisa realizada pelo Centro de Assessoria e Pesquisa de Mercado (Ceap) analisou o consumo de carne em lares brasileiros durante a pandemia. Entre novembro do ano passado e fevereiro deste ano, 2.500 entrevistas envolvendo todas as classes sociais mostraram que o ovo reina absoluto no prato da população: ele está presente em 96% dos lares.Em seguida, estão a carne de frango, com 94%, suína com 80% e peixe, com 65%.
E mesmo assim, garante Fernando Iglesias, o Brasil tem a segunda carne bovina mais barata do mundo, atrás apenas da Argentina. O boi gordo brasileiro custa US$ 58, o da Austrália, US$ 90, e o dos EUA, US$ 67.