Tema de uma leva de bares modernos dedicados exclusivamente a ele, o vinho natural é o novo “it” das cartas, está com tudo até em restaurante estrelado. Saiu da cave para o sol, mas como tudo na gastronomia vem dividindo opiniões. De um lado, os defensores da vinificação natural: produção orgânica, sem conservantes e aditivos químicos, nada de leveduras selecionadas e nem filtragem. Do outro, os que negam sua existência enquanto vinho ou, simplesmente, não entendem a cor turva e o sabor de kombucha.
Para entender o que está por trás da produção e conhecer melhor sobre a tendência que desafia o tradicional, uma trinca de sommeliers e experts no assunto explica:
“Na boca de modo geral os sabores são mais intensos, alguns até um pouco radical, consegue sentir acidez, solo, fermentação”, diz Adriane Maurici (Pope).
Júlia Derado (Prosa) acrescenta: “É o mosto da uva cultivado de forma orgânica ou biodinâmica, fermentada com leveduras selvagens, sem adição de insumos enológicos. Os vinhos convencionais passam por correções com adições de elementos químicos para influenciar o estilo e sabor do vinho.”
Segundo ela, as pessoas cada vez mais buscam se informar sobre a procedência dos alimentos e itens que consomem, e a procura por informações sobre os vinhos também está crescendo. É aí que o vinho natural se destaca: “por ser vivo, com microorganismos que atuam beneficamente no nosso organismo. Bebidas vivas ganham cada vez mais espaço no mercado, abrem espaço para a reflexão sobre o tema, como os vinhos naturais. Com isso, muitos produtores de vinhos ‘convencionais’, de uns tempos para cá, começaram a se arriscar a produzir vinhos reduzindo as intervenções ou correções seguindo a consciência de consumo e sustentabilidade.”
Mercado em alta
Cada vez mais as mulheres assumem o papel de protagonistas nesse estilo de produção, observando cada detalhe no processo, desde a colheita das melhores uvas até a vinificação natural e o controle de suas reações, cuidado e imprimindo toques de elegância e força nos vinhos que produzem.
A CépageBio, uma das maiores importadoras deste estilo de vinho, traz para o Brasil rótulos franceses, todos orgânicos, biodinâmicos ou naturais.
Entre os mais vendidos aqui, cita Maxime D.: o rosé La Girafe Verte, da Provence (Grenache/Cinsault/Syrah); o branco Pouilly Fumé, varietal de Sauvignon Blanc, e o tinto Pigeur Fou, 100% Cabernet Franc.
No Brasil, Luiz Henrique Zanini , Álvaro Escher e Marco Danielle, da Era dos Ventos e Atelier Tormenta, são exemplos do pioneirismo do cultivo de maneira limpa e sustentável, e esse estilo vem ganhando muita força nos dias de hoje. “Produtores não apenas do Sul, mas de Minas Gerais e São Paulo, estão cada vez mais aderindo a esse estilo de cultivo”, informa Maíra Freire (Lasai).