Depois de dormir com o alarmante número de 1.840 mortes por Covid-19 no país em 24 horas e acordar com o decreto municipal que determina o fechamento de bares, restaurantes e lanchonetes à noite, a turma da gastronomia do Rio fez um abaixo-assinado em que confirma seu compromisso com as decisões tomadas baseadas em conselhos científicos, estatísticas e protocolos da OMS, mas pede uma lista de contrapartidas do poder público e da iniciativa privada, que vai de proibição de corte de fornecimento de água, luz e gás a redução a zero de taxas de aplicativos de delivery com adiantamento no dia seguinte.
Mais de 20 representantes do setor estiveram na Prefeitura na manhã desta quinta-feira (4) para uma reunião com o prefeito Eduardo Paes.
"Concordamos com restrições. Mas tem que ter contrapartidas ou será um desastre", afirma Raphael Vidal, da Casa Porto. "Não só ao prefeito (Eduardo Paes). Pedimos contrapartidas ao Governo Federal e a iniciativa privada, focando nas grandes operadoras de cartões, delivery e crédito."
O decreto municipal determina que o horário de funcionamento de forma presencial de bares, restaurantes e lanchonetes fica restrito ao período entre 6h e 17h, com a circulação limitada a 40% da capacidade, passando a valer a partir desta sexta-feira, 5 de março, até o dia 11.
No Facebook, Raphael Vidal escreveu: "Seria mais justo uma restrição até 23h neste final de semana, com muita fiscalização na rua, avaliando a iniciativa e aumentando as restrições se os números de contágio aumentarem."
O presidente do SindRio também se manifestou numa rede social.
"Espero que a prefeitura entenda que não somos os vilões, respeitamos os protocolos e queremos uma retomada segura da economia preservando os empregos", disse Fernando Blower, em vídeo no Instagram do sindicato ( @sindrio_oficial ).
Leia na íntegra o abaixo-assinado e a carta do SindRio.
Abaixo-assinado
CONCORDAMOS!
Somos bares e restaurantes que concordam com as medidas restritivas ao Covid-19 estabelecidas pelos governos Estaduais e Municipais. Confiamos que decisões tomadas baseadas em conselhos científicos, estatísticas e protocolos da OMS devem ser seguidas. Em primeiro lugar para o nosso setor estará sempre apoiar as possibilidades de contenção do risco imediato da pandemia. Diante disso, é necessário dizer que sem contrapartidas do poder público e da iniciativa privada a maioria absoluta de nós não consegue sobreviver a uma semana sequer de diminuição do horário de abertura. Em curtíssimo prazo as reações em cadeia serão enormes: em 2020 já perdemos centenas de milhares de postos de trabalho. A atividade econômica mais afetada pela pandemia, em impacto sobre o mercado de trabalho formal, é o mercado de bares e restaurantes.
Nós, abaixo assinado, exigimos de imediato:
1. Proibição de corte de fornecimento de água, luz e gás.
2. Redução a ZERO de taxas de cartões e vale-refeição com adiantamento no dia seguinte.
3. Redução a ZERO de taxas de aplicativos de delivery com adiantamento no dia seguinte.
4. Carência prolongada de contratos de empréstimos com instituições financeiras.
5. Suspensão ou redução de jornada de trabalho com subsídio salarial pelo Ministério da Economia sem garantia de estabilidade.
6. Reabertura do Pronampe sem restrições de crédito a negativados.
7. Proibição de despejos por atraso de aluguel.
Movimentamos bilhões de reais na economia, abrimos meio milhão de novos postos de trabalho anualmente: somos patrimônio nacional.
VACINA PARA TODOS! VIVA O SUS!
Brasil, março de 2021.
SindRio
Os restaurantes do Rio de Janeiro amanheceram em seu pior dia desde o início da pandemia. Nos 12 meses de crise, sempre estivemos abertos ao diálogo e dispostos a colaborar com soluções junto ao Poder Público. Hoje, pela primeira vez, fomos pegos de surpresa. Sem aviso prévio ou prazo para adequação, severas restrições foram baixadas, inviabilizando o funcionamento de muitos negócios.Fomos o setor que mais desempregou ao longo da pandemia na cidade. Dez por cento de todas as demissões em restaurantes no Brasil aconteceram na Cidade do Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira, 100 mil famílias correm o risco de não receber salários. Estoques cheios de alimentos perecíveis serão descartados. Depois de um ano de crise, as empresas do setor - 75% de pequeno porte - estão afundadas em dívidas e sem caixa para honrar com seus compromissos mais básicos.Como representante de milhares de comerciantes que ainda sobrevivem aduras penas e querem acreditar no Rio, o SindRio espera que a Prefeitura tenha sensibilidade social e flexibilize o decreto o quanto antes, enquanto reafirmamos nosso compromisso com o respeito aos protocolos de segurança e à vida.Impactos imediatos das novas medidas restritivas:- Não pagamento total ou parcial de folha salarial na sexta-feira a cerca de 100 mil pessoas- Estimativa de pelo menos mil demissões por semana, sobretudo de funcionários em contrato de experiência, que entraram com a retomada e não terão direito a Seguro Desemprego- Queda de faturamento na ordem de 80% - Interrupção imediata de pagamento de fornecedores e contas de consumo (gás, luz e água).