A Wine Intelligence desenvolveu uma pesquisa com mulheres de diversas partes do mundo e concluiu que elas sentem que têm menos conhecimento sobre vinho do que os homens. Mas isso é uma falsa impressão, segundo a jornalista e sommelier Paula Daidone, dona do título de Champagne Master-Level e listada entre as jornalistas de vinhos mais lembradas do Brasil. Uma fera no assunto.
"Essa é uma questão interessante, que vai além da preferência de consumo. Mas que envolve questões históricas da inferiorização feminina. As mulheres lideram o consumo nas categorias de vinho não tradicionais, como naturais orgânicos, biodinâmicos, sustentáveis, de comércio justo e de enólogas mulheres. E esse consumo está atrelado à busca por informação, que traz conhecimento para experimentar algo novo. E essa situação acontece pelo fato de a mulher se sentir pouco capacitada em relação aos homens."
A verdade, continua Paula, é que as mulheres têm, ao menos, o mesmo nível de conhecimento sobre vinho que os homens. "A diferença é que eles se sentem mais confiantes e confortáveis em dar opinião e compartilhar conhecimento."”
E essa postura masculina mais agressiva, segundo a sommelier, reforça o medo do julgamento.
"A mulher tem receio de emitir sua opinião, ela sendo positiva ou negativa, porque acha que vai ser ridicularizada."
Ainda de acordo com o estudo, o conhecimento do consumidor em geral sobre vinhos está em declínio. Ou seja, os bebedores não estão mais interessados na enciclopédia que reúne itens como variedades de uvas, estilos de vinho e regiões produtoras.
A Wine Intelligence indica que essa tendência pode ser vista mais claramente em mercados como EUA, Brasil, Alemanha e Austrália, onde o conhecimento sobre vinhos entre os consumidores diminuiu entre 2019 e 2021. O Reino Unido, no entanto, é o único na contramão disso.